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O administrador de empresas Caio Ribeiro Lima, 32, diz que escapou por pouco de sofrer um acidente no mês de março, quando pedalava pela ciclovia da avenida Cruzeiro do Sul, no Canindé (zona norte de SP).
Ele notou, quando estava a cerca de um metro de distância, que uma galeria do metrô na faixa de ciclistas estava sem a tampa de proteção, deixando aberto um vão de cerca de 50 centímetros. Segundo frequentadores da região, a grelha de ferro que estava instalada no local havia sido furtada.
"Foi por muito pouco que não caí, pois o buraco estava bem na descida e eu só percebi quando estava bem próximo dele. Poderia ter acontecido algo grave", conta.
Casos como o relatado por Lima não são raros na cidade de São Paulo, já que ainda são registrados muitos furtos de estruturas de ferro em áreas públicas, incluindo tampas de galerias, grelhas de escoamento de águas pluviais e até as tampas de proteção dos postes de iluminação da antiga companhia de energia Light, espalhados pela região central da capital paulista há mais de 90 anos.
A Prefeitura de São Paulo afirma utilizar concreto e solda para reforçar a fixação dessas peças, a fim de evitar os furtos e os prejuízos decorridos com as reposições. "Algumas subprefeituras estão substituindo as grelhas de ferro por plástico. A iniciativa tem por objetivo inibir as ações de vândalos e criminosos que furtam o material de ferro para comercializá-las", afirmou a prefeitura em nota.
O dono de um ferro velho localizado no Carrão, na zona leste da capital, que não quis se identificar, afirmou que são comuns tentativas de venda dessas estruturas de ferro.
"Eu nunca comprei, porque sei que é errado, mas tem gente que tenta vender isso sempre. Pensam que vão lucrar mais por serem peças mais pesadas, mas estão enganados". Ele diz que já ouviu relatos de pessoas que ganharam, em média, R$ 10 por uma estrutura de ferro, como a tampa de um bueiro.
O pequeno retorno financeiro obtido por quem comete o crime, no entanto, gera um prejuízo grande aos cofres públicos. De acordo com a Secretaria Municipal das Subprefeituras, somente nos três primeiros meses de 2019 "foram trocadas cerca de 340 grades leão (grelhas) e 360 poços de visita foram reformados, inclusive com colocação de novas tampas".
Na região central esses crimes são mais comuns, segundo a prefeitura. Em 2018, por exemplo, a Subprefeitura da Sé gastou em torno de R$ 80 mil para repor peças de ferro que foram vandalizadas, furtadas ou quebradas.
Os postes da Light também são alvo constante de criminosos. Em 2010 o município chegou a promover uma licitação para restaurá-los e repor as tampas de ferros furtadas ou danificadas, mas nove anos depois a situação ainda é crítica.
De acordo com o Departamento de Iluminação Pública (Ilume), desde 2010 foram instaladas tampas com parafuso antifurto, o que não foi o suficiente para evitar o sumiço de várias peças. No início de abril a reportagem constatou pelo menos dez postes sem as tampas e com acúmulo de lixo entre a avenida Ipiranga e a praça da República.
Na avenida São João, os buracos gerados pelo furto da peça que fazia vedação dos cabos de eletricidade nos postes foram preenchidos com concreto. A Ilume afirma que a medida foi adotada para dificultar os atos de vandalismo. O funcionário de uma banca de jornal, que não quis revelar sua identidade, disse que o concreto foi colocado há alguns meses por equipes da prefeitura. Ele afirma que os postes ficavam cheios de lixo e que, por causa do furto da fiação, era comum haver falta de luz.
A gestão Covas afirmou ter realizado manutenções mais apuradas no centro de São Paulo em outubro de 2018. Na ocasião ocorreram reparos na iluminação e manutenções nos postes ornamentais. "Nesta ação, foi executado o fechamento com concreto, pintura e manutenção dos postes que sofreram com o vandalismo", explicou a prefeitura.
"O Ilume também tem realizado trocas gradualmente dos cabos de cobre para cabos bimetálicos, material revestido com aço, para tentar inibir e dificultar novas ações de criminosos."
Ainda conforme a prefeitura, as caixas de passagem da rede subterrânea, em sua maioria, já são de concreto e a reposição de tampas quando há necessidade já é feita por esse tipo de material.
Já a Sabesp afirmou que é raro o furto de tampas de bueiros em São Paulo. A empresa disse, no entanto, que o custo para a reposição de cada tampa de ferro furtada é de R$ 200. Para se precaver, a empresa tem fixado essas tampas no asfalto ou concreto. "Há uma parte móvel que deve ficar desimpedida para possibilitar a manutenção da rede. Qualquer obstáculo no tampão poderá atrapalhar, desde um veículo estacionado em cima, até uma reforma de calçada." A Sabesp diz que esses crimes ocorrem em áreas isoladas e são tratados junto às autoridades policiais locais.
Companhias de telefonia também têm recorrido a concreto ou solda para reforçar a segurança das peças de ferro. Em ação recente no bairro Campos Elíseos, a Vivo também utilizou solda para fixar as tampas de uma galeria da rede. Questionada sobre os casos de vandalismo e ações que vem adotando para evitar mais prejuízos, a empresa afirmou que não divulga esse tipo de informação.
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