A Aperam South America, maior produtora de aços planos especiais da América Latina, anunciou a segunda onda de investimentos em Minas Gerais. Os aportes, que começam este ano e vão até 2024, serão de R$ 588 milhões. O valor será destinado à modernização e atualização tecnológica da laminação a quente na usina de Timóteo, no Vale do Aço, e para a Aperam BioEnergia, que produz carvão vegetal no Vale do Jequitinhonha.
Durante o evento, que foi realizado ontem, na Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves, no Vetor Norte da Capital, também foi anunciado que a Aperam Brasil se tornou a primeira do mundo no segmento de aços planos especiais a alcançar a neutralidade de carbono, antecipando em 28 anos a meta que para o grupo foi estipulada para 2050.
A maior parte do aporte será destinada à atualização de todo o processo de Laminação de Tiras a Quente (LTQ) da usina em Timóteo, permitindo à companhia ampliar, a partir de 2024, a gama de produtos, com a oferta de aços especiais de maior complexidade e resistência.
A modernização da laminação a quente, que contempla a aquisição de uma nova cadeira para o Steckel – equipamento responsável pela transformação mecânica e metalúrgica através da laminação de placas – prevê, ainda, a atualização tecnológica de toda a parte elétrica e de automação envolvida no processo, garantindo capacidade de atendimento às crescentes exigências do mercado.
A siderúrgica tem capacidade produtiva de 900 mil toneladas de aço bruto ao ano, capacidade que hoje é superior à demanda do mercado e seguirá inalterada. Os aportes previstos são muito mais voltados para o aumento da eficiência e do portfólio dos produtos.
Os investimentos na operação da Aperam BioEnergia têm como objetivo manter a produção sustentável de carvão vegetal, mudas e sementes desenvolvidas com avançada tecnologia de melhoramento genético florestal.
O presidente da Aperam South America, Frederico Ayres Lima, explica que o investimento de R$ 588 milhões aprovado irá acontecer ao longo de três anos e serão voltados, principalmente, para a planta de Timóteo.
“Vamos fazer um atualização tecnológica e aumentar o portfólio de produtos”.
O segundo anúncio feito foi que a Aperam no Brasil alcançou a neutralidade de carbono. A meta do grupo no mundo é reduzir em 30% a emissão até 2030 e zerar até 2050. Porém, no Brasil, a meta foi antecipada em 28 anos.
Ayres explica que a Aperam tem uma particularidade de ser a única produtora de aços planos especiais que utiliza 100% de carvão vegetal renovável, não utilizando coque como os concorrentes. Essa característica e uma série de ações que foram tomadas ao longo do tempo, como ganho de eficiência e contratos de energia elétrica de fonte renovável, por exemplo, já dava uma visão de que o aço produzido pela Aperam é verde.
A Declaração de Verificação foi emitida pela Société Générale de Surveillance (SGS), líder em testagem, inspeção e certificação, após auditorias realizadas em 2021 e 2022 (referentes aos anos de 2020 e 2021, respectivamente).
“Desde 2021, começamos a avaliar, a medir e certificar com entidades especializadas, internacionais e externas. Ao fazer o balanço de CO2 equivalente de 2020 e 2021, nós fomos neutros. Todas as nossas emissões realizadas nas nossas atividades industriais foram neutralizadas pelas remoções de carbono das nossas florestas. Os investimentos anunciados e a neutralidade de carbono mostram uma crença da empresa no Estado, no País e no lado do CO2 mostra o valor que a empresa tem com o meio ambiente e sua contribuição para a agenda mundial das mudanças climáticas”, explicou o presidente da Aperam South America, Frederico Ayres Lima.
Ayres ressaltou que a busca pela neutralidade de carbono é parte das ações para a implantação do ESG, sigla que vem do inglês Environmental (Ambiental, E), Social (Social, S) e Governance (Governança, G).
“O ESG ocupa toda a minha agenda. Falamos muito do meio ambiente, mas temos a parte social com a nossa fundação que atua fortemente nas comunidades ao nosso entorno. Na parte de governança, a Aperam é uma empresa com regras de compliance, temos capital aberto nas bolsas europeias, o que nos exige estar nos melhores padrões de governança possível”.
Durante o evento, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, destacou a importância dos investimentos da empresa e também o pioneirismo da indústria em conseguir zerar a emissão de carbono.
“É uma satisfação maior ainda participar deste anúncio porque a Aperam é uma empresa que fez o dever de casa. Assinamos o Race to Zero e estivemos na Cop 26 firmando um compromisso na redução de emissão de gás carbônico. O que a Aperam já fez é o que todas as empresas de Minas terão que fazer nas próximas décadas: zerar a sua emissão de carbono”, explicou.
Durante a cerimônia da Aperam, o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Fernando Passalio, destacou o trabalho do governo em destravar os processos e atrair investimentos para o Estado. Em coletiva com a imprensa, Passalio citou a agenda do governo em Juiz de Fora para “o anúncio de um investimento de uma empresa do setor de embalagens de alumínio”.
Fonte próxima às negociações confirma que o anúncio de investimentos será da multinacional de embalagens metálicas Ardagh Group, com sede em Luxemburgo. Com investimentos superiores a R$ 1 bilhão, a empresa vai instalar duas fábricas na cidade: uma de latas de bebidas e outra de garrafas.
O DIÁRIO DO COMÉRCIO antecipou informações sobre as negociações no mês passado. Na época, uma fonte próxima às negociações disse que a empresa já havia concluído a compra de parte do terreno da Mercedes-Benz para a construção das duas plantas e que o comunicado oficial dependeria apenas de ajustes finais na negociação com o governo mineiro.
A Ardagh Metal Packaging é uma das líderes na produção e venda de embalagens de alumínio para bebidas e possui três unidades de produção no Brasil: fábricas de latas em Jacareí (SP) e Alagoinhas (BA) e uma fábrica de Tampas de Manaus (AM). As negociações para a vinda para Minas Gerais, segundo a fonte que pediu anonimato, duraram meses.
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