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Imagem de Greg Garnhart no Unsplash
A Tundra está localizada no extremo norte do planeta, em regiões de alta latitude, como Canadá, Rússia, Noruega, Suécia, Finlândia e Dinamarca, sendo o mais frio dos biomas. Tundra vem da palavra finlandesa tuturia, que significa “planície sem árvores”, e é o nome dado à vegetação rasteira, de ciclo vegetativo extremamente curto. Por encontrar-se em regiões subpolares, ela se desenvolve apenas durante os três meses de verão, nos locais onde ocorre o degelo.
As espécies típicas da Tundra são musgos, líquens, pequenos arbustos, gramíneas e ciperáceas. Árvores de grande porte não conseguem se desenvolver em função da curta estação de crescimento e do permafrost.
A Tundra representa cerca de 10% da superfície terrestre e é classificada em três tipos, que variam de acordo com a sua localização: Tundra alpina, Tundra ártica e Tundra antártica.
A Tundra apresenta clima polar, sendo o bioma mais frio da Terra. Este tipo de clima ocorre em regiões de latitudes elevadas, próximas aos círculos polares Ártico e Antártico, onde, por causa da inclinação do eixo terrestre, há grande variação na duração do dia e da noite e, consequentemente, na quantidade de radiação absorvida ao longo do ano.
O clima polar é caracterizado por ter baixas temperaturas ao longo do ano, atingindo no máximo 10 °C nos meses de verão, em regiões em que a camada de neve e gelo que recobre o solo derrete e o dia é muito mais longo que a noite.
Os invernos da Tundra são longos, escuros e frios. Por causa das baixas temperaturas, a região conta com uma camada de solo permanentemente congelado, chamada de permafrost. Nos verões da Tundra, ocorre o derretimento de alguns centímetros do permafrost, o que proporciona uma superfície de crescimento para as raízes da vegetação.
A precipitação na região totaliza 150 a 250 mm por ano, incluindo neve derretida. No entanto, a Tundra costuma ser um lugar úmido porque as baixas temperaturas fazem com que a evaporação da água seja lenta.
A vegetação da Tundra é composta predominantemente por musgos e líquens, embora gramíneas, arbustos e ciperáceas também possam ser encontrados.
Musgos são briófitas que formam extensos tapetes verdes sobre barrancos, pedras e troncos de árvores. Eles podem viver em ambientes relativamente secos, como superfícies de rochas ou barrancos expostos ao Sol, suportando temperaturas muito altas durante o dia, ou em ambientes frios e úmidos, sendo as únicas plantas de certas regiões ao norte do Círculo Polar Ártico, como na Tundra.
Líquens são associações mutualísticas entre certas espécies de fungo e de alga ou entre fungos e cianobactérias. Os tipos de fungos mais comuns nessas associações são os ascomicetos. A associação entre o fungo e a alga (ou a cianobactéria) permite que os líquens habitem locais onde algas e fungos não poderiam viver separadamente.
Os líquens possuem ampla distribuição geográfica e habitam diferentes regiões. Dessa maneira, eles ocorrem tanto em ambientes úmidos quanto em ambientes secos. Isso acontece porque os líquens são espécies pioneiras e podem sobreviver em locais de grande estresse ecológico, como a Tundra.
Os animais da Tundra possuem elevada adaptabilidade ao clima frio e inóspito desse bioma. Seus principais mecanismos de sobrevivência são a migração e a hibernação, realizadas nas épocas mais frias do ano. Além disso, eles possuem pelos espessos e camadas de gordura sob a pele, que ajudam a manter a temperatura corporal estável. Bois almiscarados, ursos-polares, corujas-da-neve, renas e lobos árticos são os animais mais observados na Tundra.
A maioria das aves da Tundra é migratória, permanecendo tempo suficiente para fazer os ninhos e a muda. Entre elas, pode-se citar o ganso-das-neves-grande e a coruja-das-neves.
Os insetos do bioma, por sua vez, resistem às temperaturas congelantes do inverno. Isso porque eles possuem altas concentrações de glicerol, substância que atua como um anticongelante para diminuir a temperatura em que ocorre o congelamento. Além disso, muitos insetos da Tundra são de cor escura, o que absorve mais luz solar e permite que esses animais mantenham temperaturas corporais mais altas.
O bioma também abriga bactérias e fungos essenciais ao seu bom funcionamento, já que atuam na regeneração de nutrientes e no ciclo do carbono. Vários estudos usando sequenciamento e análise de DNA descobriram muitos novos grupos microbianos em solos de Tundra. Essas comunidades microbianas são ativas sob a neve e sua composição muda drasticamente do inverno e da primavera para o verão em resposta às mudanças na temperatura do solo, umidade, disponibilidade de carbono e natureza dos substratos.
O solo da Tundra permanece congelado na maior parte do ano, recebendo o nome de permafrost. A palavra permafrost é inglesa, e, etimologicamente, vem do latim, em que perm significa permanente e frost, congelado. Ele é moldado pelos processos de congelamento e degelo que ocorrem na região, ambos decorrentes das variações sazonais de temperatura.
Originalmente encontrado em países como Islândia, Argentina e Noruega, o permafrost começou a ficar conhecido mundialmente e no Brasil no contexto das mudanças climáticas, pois quando derrete – devido ao aumento da temperatura global – causa impactos significativos ao meio ambiente.
O permafrost possui uma camada de solo relativamente grossa que pode atingir até 300 metros de profundidade. O topo dessa camada é constituído por gelo e neve, que derretem no verão levando água para a região e a tornando pantanosa.
Por ser muito gelado, o trabalho de decomposição das bactérias e dos fungos presentes no permafrost acontece lentamente. Mas, no contexto das mudanças climáticas, o derretimento desse tipo de solo está ocorrendo de forma acelerada. O resultado é uma decomposição de matéria orgânica cada vez mais alta que libera grandes quantidades de gases do efeito estufa na atmosfera. Metano e dióxido de carbono, que são gases com potencial de risco climático significativo, são os principais gases liberados na decomposição do permafrost.
Uma outra pesquisa apontou que o planeta Terra pode entrar em estado de efeito estufa permanente caso o permafrost continue derretendo a altas taxas. Isso se agrava com a perda de hidratos de metano no solo oceânico e a redução de florestas tropicais. Isso porque estes são locais que estocam carbono e que podem atingir um ponto de colapso em que essas reservas de carbono sejam liberadas para a atmosfera, acelerando ainda mais o fenômeno do aquecimento global.
O permafrost conserva micro-organismos porque é frio, sem oxigênio e escuro. Em outras palavras, isso significa que ele pode manter vivos micróbios que infectam seres humanos e animais. Sendo assim, além do problema da liberação de gases do efeito estufa, o derretimento do permafrost pode trazer de volta antigos vírus, bactérias e fungos. Como se não bastasse a pandemia de coronavírus, a humanidade poderá conhecer doenças igualmente nocivas ou até piores.
Uma prévia desse cenário aconteceu em 2016, em uma parte remota da Sibéria, no Ártico. Como relata a BBC, um verão excepcionalmente quente em 2016 descongelou uma camada de permafrost, revelando a carcaça de uma rena infectada com antraz cerca de 75 anos antes. A doença chamada de antraz ou carbúnculo é causada por uma bactéria, Bacillus anthracis. No caso citado, a bactéria se espalhou pelos suprimentos de água e de comida da região e também chegou ao solo. Um menino de 12 anos morreu da infecção, assim como 2,3 mil renas; dezenas de pessoas ficaram doentes e hospitalizadas.
Does Antarctica have tundras? e Tundra
Sou graduanda em Gestão Ambiental pela Universidade de São Paulo e apaixonada por temas relacionados ao meio ambiente, sustentabilidade, energia, empreendedorismo e inovação.
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